E lá se vão 3 meses na Noruega

Festplassen, Bergen

Não você não leu errado, estamos aqui sim, (tanto tempo? Pra mim passou se arrastando!) o Marido desde fevereiro e eu desde maio. Estamos em casa em Bergen, tentando se adaptar a nova realidade.
Nunca morri de amores por essa terra, então quem me conhece já deve imaginar como está sendo uma batalha.
Outros sei que irão torcer o nariz e dizer mas você sempre falava sobre Angola e como era difícil lá.
Imaginem vocês, sair de um país em que tudo e mais difícil, mas você fala uma língua igual (alguns dirão similar), e onde é sol 360 dias do ano, sim é como o Brasil, quente, com sol, quase não chove por aquelas bandas... E de repente ir para um país escandinavo onde mesmo o verão é como um inverno brasileiro, (lembra de novo sou do Mato Grosso, lá frio só tarde da noite ou de madrugada) e o calor é ano inteiro. Para meu azar, o nosso (coitado do marido) esse verão na Noruega foi o pior da história (m* bem grande). Contou-se nos dedos o dia de sol e calor, muita chuva, ventania e frio se fizeram presentes.
Então não tem me ajudado grandes coisas, pois toda mudança é difícil, a gente tem que se readaptar e se organizar. A mas o marido é noruga, é da terra, sim mas ele morou 8,5 anos fora (em Angola) a adaptação dele tem sido tão sofrida como a minha. Não temos amigos ainda por aqui, moramos em apartamento, ele continua na mesma empresa, mas há muita gente nova em comparação com as que ele conhecia no passado, e o clima não ajuda nada.

Algumas das flores já estavam começando a aparecer! Eu de Bunad.

Para Começar o tradicional 17 de maio, nada demais (não choveu horrores como é em Haugesund), pra quem acompanha aqui sabe que todo ano a gente vem pra casa para comemorar o Dia da Noruega (é como chamam a data aqui, mas é a data da criação da constituição norueguesa). 

E de praxe saímos com nosso Bunad, para ir festejar com Øl (cerveja em noruguês) e andando pela cidade, no Bryggen e vendo os acontecimentos da cidade, eu tinha chegado um dia antes no dia 16 do Brasil, imagina  como estava completamente moída, rsrsrs sem contar como acordar “cedo” porque a diferença aqui e grande comparada com o Brasil agora por conta do horário de verão estamos 5 horas na frente do Brasil. Lá fui eu ficar pronta com tanto “pano”, sim é muita coisa para colocar, e boa parte (tentando ser positiva viu) e que esse ano choveu um pouco e estava mais fresco, ano passado queria era correr sem roupas pelas ruas de Oslo o calor estava perfeito, pedindo uma gelada e agua de mar, na Karl Johans gate a principal rua de Oslo, de onde vemos o castelo e a família real em dias como estes.
Pela primeira vez passamos em Bergen, foi diferente , de Haugesund e Oslo, principalmente por não ter chovido como se o mundo fosse acabar como sempre é em Haugesund. Apesar do Cansaço esta com o marido de novo foi tão bom que nem me importei!
 

Esses prédios é onde moro em Bergen.

Sempre carregue sombrinha ou guarda chuva em Bergen, vestidos a caráter.

Os policias vestidos de gala!

 

 

Skål para Noruega!

 

 

 

 

 

 

 

 

Teve paraquedas ( se eu conseguir pular a quantidade suficiente posso fazer parte do

espetáculo ano que vem, um dos itens da minha lista de realizações e saltar de paraquedas...), teve pau de sebo, sim só vendo para crer (de brinde tinha de tudo ate uma perna de carneiro inteira aqui se chama Fenalår, e tipo carne seca de carneiro...) e tinha outras nacionalidades com barraquinhas de comidas típicas, tinha até Samosa ou chamuça que adoro,( conheci em Luanda é como se fosse no pastel só que triangular com recheio de carne e bem picante.)

Enfim é um dia normal de festa (como as quermesses ou as festas juninas no Brasil, só que o Bunad é um traje mais sofisticado e caro).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E teve o "pau de sebo também" no dia da Noruega.

Pinsedag  esse ano dia 24 de maio e o último dia foi 31 ,  que para nós é a celebração descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. O Pentecostes é celebrado 50 dias depois do domingo de Páscoa.  O último dia é feriado, onde tudo fica fechado e o povo vai descansar, passear pescar, fazer piquenique ou o favorito dos noruegueses, não o marido L, ir para as montanhas de mochila nas costas). Para quem é católico, é uma data importante, principalmente para os brasileiros pois celebramos a festa do Divino.

Esperando acenderem a fogueira na festa "de São João" norueguesa.

Próxima festa a se comentar é o dia de São João, sim você não leu errado, apesar de aqui a maioria da população (norueguesa é claro) ser Luterana (e muitos não praticantes também) eles comemoram muitas datas que só os católicos ou de origem católica comemorariam. Sankthansaften (ou Tarde de São João), é a comemoração do Verão  ou midsummer (Pleno Verão) e temos fogueira “sim senhor”, uma imensa, nos fomos a festa em Laksevåg, em Bergen, e tinha um concurso em advinhar quantos barris estavam a ser queimados. Como toda festa junina deve ser, teve música (não era folclórica), tinha pescaria, comidas típicas (aqui na Noruega, Wafles, cachorro quentes, bolo de chocolate, algodão doce, refrigerantes e café, nada de cerveja ou outras comidinhas que teríamos nas nossas festas brasileiras). Do lado de fora ali tem um parque e uma colina, de onde se via a fogueira gigante, muita gente estava ali a fazer piqueniques, ou assar salsichas nas churrasqueiras descartáveis que é possível comprar na Noruega em mercados e lojinhas , consiste em uma travessa de alumínio (tipo aquelas descartáveis), uma telinha para colocar a comida e carvão, ali se pode assar algo, por uma vez, e depois de fria vai para o lixo. (ótima invençãoo essa tal de “engang grill”) infelizmente por conta do frio e da chuva essa tal de festa de São João ou do Verão, ficou meio engraçada, porque estava frio de doer os ossos. Aqui perto de onde moro (na mesma rua) fizeram também uma fogueira, e tinha muita gente na rua, tipo uma festa comunitária a celebrar esse verão que não chegou pleno como o nome diz midsummer! 

Fogueira de São João em  Laksevåg, Bergen.

 Já sei tem quem leia e deve estar pensando nossa mas quanto negativismo, na verdade não, lembre-se o inverno daqui a pouco chega com vontade, e vão ser poucas horas de claridade no mar de escuridão, onde as pessoas se fecham mais ainda, onde a noite parece interminável.
Estamos na altura que os dias começam a escurecer mais cedo que no verão e começamos a pensar no inverno, uma coisa você aprende com os escandinavos, aqui é necessário se preparar para as estações, não que ainda seja necessário Caçar ou guardar lenha (quem tem lareira a lenha, tem sempre essa época para secar madeira e estoca-la) mas porque você sabe que os dias serão mais curtos, e será mais frio "jája."
A adaptação a um novo país, ou casa e sempre difícil, mesmo quando se quer mudar, me deparei com limitações novas que não tinha que lidar em Angola, como por exemplo a língua, eu falo inglês mas muitos preferem o norsk (norueguês) mesmo em lojas ou em médicos nem sempre as pessoas se sentem confortáveis em usar a língua estrangeira para se comunicar, impondo uma certa dificuldade, meu norueguês é básico, nada de especial, nesse tempo eu estudei sozinha em casa com livros e CD, e da mesma forma não me sinto confortável em tentar usar o meu norueguês pobre por aí... A vida aqui e diferente, não se sai sempre nos finais de semana para uma cerveja ou jantares, não se pede comida sempre pelo telefone, e com a limitação de amigos a vida fica mais complicada ainda. 

E quando não chove muito conseguimos ver a beleza.

O custo de vida na Noruega e igual ao custo de vida em Angola, então se acha que cheguei no país de 1º mundo , e preços são melhores pense novamente. Comida por aqui é tão caro ou mais caro que em Luanda (álcool e super taxado, além de não poder comprar nada além de cerveja e sidra no mercado), quando se compra uma garrafa de um vinho penso estar no Brasil porque o cabelo fica em pé com preços, no Vinmopolet. Sinto falta de comermos comida chinesa em Luanda, ou simplesmente tomar um café no quiosque do Belas, e principalmente do calor que era constante e percebo muito agora, importante para fazer as pessoas felizes, os noruegueses pouco sorriem, e começo a pensar que é porque (em tese) é muito frio e não querem desperdiçar o calor a “arreganhar as canjicas” para todos na rua. Sinto que vejo mais sorrisos quando o sol está dando a ar da graça, até mesmo com meus vizinhos. E por falar neles, sábado retrasado (15/08) tivemos uma festa dos “condôminos” onde tive a oportunidade de conhecer alguns dos meus vizinhos (novamente a barreira da língua não me permitiu comunicar como desejava com os vizinhos) onde comemos o que o marido falou ser tipicamente coisas da terra (coisa de viking) camarão, no pão de forma branco, com maionese no topo. E cada um trouxe a bebida de seua preferencia, nos levamos vinho, (estava muita chuva e frio também), pegávamos o camarão e descascávamos colocávamos na fatia de pão e “voilá” está uma delicia (adoro camarão), se compra aos montes por aqui já vem cozido, do mercado e so descascar e comer, com limão ou sem é só aproveitar. Tive a oportunidade de conhecer algumas pessoas, como nunca moramos aqui, quase não conheço ninguém, e eles não nos conhecem  principalmente quando o marido sai cedo e volta tarde (aqui o povo começa a voltar as 15:30) e o marido por conta do trabalho nunca chega tão cedo. 

 

E quando conseguimos aproveitar, dá pra ver que é lindo. Em Sotra pescando.

Já imagina que tenho aproveitado pouco o sol já que não tenho amizades na cidade e o marido so chega depois das 18 e como regra aqui não se sai durante a semana (mesmo no verão) para tomar uma cervejinha e curtir o solzinho na rua (aqui não tem praia como em Vitória). Não estou generalizando, pode ser que o marido ou esposa de alguém ou seus que tenham melhor horários de trabalho, e tenham aproveitado melhor que eu.
A mas você pode ir sozinha Carolzinha, ;) não é mesmo o meu estilo de andar e bater perna por aí sozinha, sou do tipo que se entedia fácil. Essa semana comecei no curso de norsk, e minhas aulas são pela manhã, sentei um pouco pelo centro, na Bryggen, andei pra la e pra cá, mas  fiquei cansada de estar sozinha, não ter com quem conversar e me sentindo um peixe fora d’água. Para piorar esqueci minha chave no outro dia e fiquei 1:47 min L esperando marido chegar (sim nesse dia ele veio “cedo” porque estava a espera dele) e eu cansada de sentar no sol de calça jeans no sol, (estavam uns 28º C e sozinha, e como já disse não conheço vizinho algum), fiquei sentada na entrada do prédio ate ele chegar...

Essa ultima semana com exceção da sexta feira e do sábado tivemos bastante sol, e quem pôde sair aproveitou bastante.  A parte ruim de ser nova no pedaço é a solidão é inevitável.  Não estou me lamentando, estou sim a espera de que essa situação mude (com minhas ações é claro) e possa voltar aqui e dizer diferente. Não temos planos de ficar na Noruega pra sempre,  o marido quer ir trabalhar em outros países, mas seria muito mais fácil enfrentar isso com amigos.

Junho, Julho e agosto são as longas férias aqui na Noruega (as férias de verão, são um pouco mais longas das do Br, mas aqui há poucos feriados e dias de folga se comparamos), e também se torna difícil fazer amizades e conhecer pessoas, muita gente viaja. Em Julho me chamaram para fazer o curso de cultura norueguesa (samfunnsfag) e infelizmente a escola me chamou para fazer apenas 1 semana (e obrigatório para residência ou ser naturalizado na Noruega) por terem tido problemas e perderem meus dados, então a partir de 1 de setembro vou fazer o curso 1 vez por semana os dias que perdi, consegui o curso em Inglês, ou teria que esperar até julho do ano que vem para fazer as horas que me faltam. (na Noruega, você se quer ser naturalizado ou ter residência, você precisa de 600 horas de curso de norueguês e 50 horas de cultura). Não nós não casamos e conseguimos automaticamente a nacionalidade, aqui tem que ser conquistada, depois de anos morando na terra e ter aprendido a língua.
Enquanto isso no Brasil continuamos com a reforma (com fé e positividade essa semana terminam tudo) e só tenho agradecer minha mãe que tem me dado uma tremenda força, com as coisas lá em casa.
Estou com muitas saudades das amigas que deixei em Luanda, e de minha casa e dos filhos que deixei no Brasil (o Thor , Yoda e Shake), contando os dias para dezembro chegar e eu voar pra casa, para o verão (que chegue logo :)) e estar onde me sinto bem e sinto que pertenço.

Adoro quando o rei sol aparece, as cores ficam mais fortes. Bryggen